ESTIO
A poesia corrompe os dedos que escrevem.
Caem dos braços, como frutos podres,
e infectam a terra branca do amanhecer.
Leio o verso interrompido pela doença.
Reconstituo o final do poema,
a evocação do corpo com febre;
e abraço a mulher pálida que o poema oculta.
«Amo-te», digo-lhe.
Ela despe-se na obscuridade da memória,
deixando atrás de si uma sombra de antigos lençóis.
A luz do meio-dia, ouço, apagou essa imagem;
e revela o vermelho dos lábios
de onde escorre o riso límpido do amor.
- Tarde em que as janelas batem;
e um vento interrompe a conversas dos amantes;
e o mar se despe de Agosto com as marés vivas
que o hábito ignora.
(Nuno Júdice)
(Foto: Igor Lisov)
10 Comments:
Metes uma foto com uma jove com uma nádega à mostra e esperas que se consiga apreciar a poesia, ou texto, ou lista de compras que escreveste? Anjinha...
É para testar a vossa capacidade de concentração!:P
Leste ao menos?:P
:D)))
Assim que abri, só li "Fastio" ...
:-)
E quem te manda ler o que quer que seja enquantos estás a pintar as unhas?:P
(eu queria ver se fosse o Clooney... 8-))))))
a leveza de um estio, pleno de intensidade...como é que é possível descrever tão bem as sensações...
Sou fã do Nuno Júdice. Total.;)
A vista já não é o que era dantes, Inha ... as unhas já nem pinto porque da última vez, estraguei as cortinas. Gargalhada !
Adoro Nuno Júdice. E foi aqui que o conheci. Obrigada !
Estragaste as cortinas à São? Porra!
GARGALHADAS!
LOL
E não é para ti que servem também os blogues, para aprendermos uns com os outros? Também já tenho conhecido outras coisas contigo!;)
ele é mto bom!
estou agora a descobri-lo... :)
Força, SoNos! Vais ver que vale a pena. Se não conheces, sugiro-te também a poesia romântica de Maria do Rosário Pedreira. Imperdível.
Vê este post:
http://bloginha.blogspot.com/search?q=n%C3%A3o+tenhas+medo+do+amor
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