abril 24, 2008



NÓS TEMOS CINCO SENTIDOS

Nós temos cinco sentidos:
são dois pares e meio de asas.

- Como quereis o equilíbrio?

(David Mourão-Ferreira)
(Foto: Stix Stix)


Bom fim de semana.

abril 07, 2008




ESTE PASSOU-SE DE VEZ...

Ter máquinas de bolas com chocolates pode ser crime

O proprietário de um armazém foi recentemente detido e todo o material foi apreendido pela ASAE.
As máquinas de bolas que dão direito a chocolates, habitualmente instaladas em cafés e restaurantes, podem ser consideradas ilegais e os seus proprietários ou responsáveis pela sua exploração acusados de crime de jogo ilícito. Num armazém no Centro do país, todo o material foi apreendido pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) com a justificação de que não era possível ao cliente perceber qual o chocolate a que teria direito antes de introduzir a moeda de 50 cêntimos. Há, no entanto, acórdãos dos tribunais que contrariam este entendimento. As máquinas de cápsulas que contêm senhas correspondentes a chocolates ou a outro tipo de brindes, que saem mediante a introdução de uma moeda de 50 cêntimos ou um euro, são aparentemente inócuas, mas a sua má utilização pode levar os seus proprietários a tribunal. Com a parte superior da estrutura em acrílico transparente, este tipo de máquinas tem habitualmente uma janela interior que permite ver qual a cápsula que vai sair. Lá dentro está uma senha com uma cor que corresponde a determinado chocolate. Se a janela estiver obstruída (por um autocolante, por exemplo), a máquina é considerada um jogo de fortuna e azar. E a sua comercialização é crime. Foi o que aconteceu recentemente num armazém do Centro do país. O proprietário foi detido e o material (máquinas e cartazes de exposição dos chocolates) apreendido pela ASAE, que considerou haver prática de jogo de fortuna e azar, considerado crime. A justificação é que o jogador se limita a introduzir a moeda sem poder escolher o prémio da sua preferência, neste caso um chocolate. A situação é confirmada pela Inspecção-Geral de Jogos, chamada a pronunciar-se em 2006 sobre este tipo de máquinas, e pela própria ASAE, em resposta a um pedido de informação de uma empresa sobre a legalidade das mesmas máquinas, segundo documentos a que o PÚBLICO teve acesso. O entendimento da ASAE parece ser diferente em relação a outras máquinas semelhantes como as de bolas com brindes infantis, em que muitas vezes também não é possível saber qual a cápsula que vai sair antes de meter a moeda no mecanismo. Como explicou ao PÚBLICO um responsável de uma empresa de máquinas de diversão, que não se quis identificar, a diferença entre as duas reside no valor dos brindes. Nas máquinas de bolas para crianças, considera-se que todos brindes têm um valor se-melhante, enquanto nas dos chocolates entende-se que há diferenças de valor nos prémios. Dúvidas na regulamentação. Quanto à legalidade das máquinas de bolas correspondentes a prémios como chocolates ou outras pequenas utilidades domésticas, a mesma fonte explica que só é considerado jogo de fortuna e azar quando o "cliente não sabe o que vai sair".

(Sofia Rodrigues, in Público)

Ó Sr. Nunes, e votar nuns e saírem outros na rifa não é crime? Ora faça lá os trabalhinhos de casa e comece pela Assembleia da República, que não há antro neste país com tanta mercadoria contrafeita por metro quadrado!!!

abril 03, 2008



SVETLANA

Desde pequena Svetlana só tinha conhecido uma paixão: dançar e sonhar em ser uma Gran Ballerina do Ballet Bolshoi. Seus pais haviam desistido de lhe exigir empenho em qualquer outra actividade. Os rapazes já haviam se resignado: o coração de Svetlana tinha lugar para somente uma paixão e tudo mais era sacrificado pelo dia em que se tornaria bailarina do Bolshoi.
Um dia, Svetlana teve sua grande chance. Conseguira uma audiência com Sergei Davidovitch, Ballet Master do Bolshoi, que estava selecionando aspirantes para a Companhia. Dançou como se fosse seu último dia na Terra. Colocou tudo que sentia e que aprendera em cada movimento, como se uma vida inteira pudesse ser contada em um único compasso. Ao final, aproximou-se do Master e lhe perguntou:"Então, o senhor acha que eu posso me tornar uma Gran Ballerina?"
Na longa viagem de volta a sua aldeia, Svetlana, em meio às lágrimas, imaginou que nunca mais aquele "Não" deixaria de reverberar em sua mente. Meses se passaram até que pudesse novamente calçar uma sapatilha. Ou fazer seu alongamento em frente ao espelho.
Dez anos mais tarde Svetlana, já uma estimada professora de ballet, criou coragem de ir à performance anual do Bolshoi em sua região. Sentou-se bem à frente e notou que o Sr. Davidovitch ainda era o Ballet Master. Após o concerto, aproximou-se do cavalheiro e lhe contou o quanto ela queria ter sido bailarina do Bolshoi e quanto doera, anos atrás, ouvir-lhe dizer que não seria capaz.
- Mas minha filha, eu digo isso a todas as aspirantes - respondeu o Sr. Davidovitch
- Como o senhor poderia cometer uma injustiça dessas? Eu dediquei toda minha vida! Todos diziam que eu tinha o dom. Eu poderia ter sido uma Gran Ballerina se não fosse o descaso com que o senhor me avaliou!
Havia solidariedade e compreensão na voz do Master, mas ele não hesitou ao responder:
- Perdoe-me, minha filha, mas você nunca poderia ter sido grande o suficiente, se foi capaz de abandonar seu sonho pela opinião de outra pessoa.

(Conto Popular)