janeiro 31, 2006














TENDÊNCIAS DA ARTE

janeiro 30, 2006


















EU SEI QUE A GENTE SE ACOSTUMA.

Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos
e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor.

E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma acender mais cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá pra almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos.
E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz,
aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.

E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer filas para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes.
A abrir as revistas e a ver anúncios.
A ligar a televisão e a ver comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição.

As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
A luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável.
A contaminação da água do mar.
A lenta morte dos rios.

Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.

Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.

Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta, de tanto acostumar,
se perde de si mesma.

(Marina Colasanti in Eu Sei Mas Não Devia)
(Foto: Kris Gebhardt)

janeiro 27, 2006














SERVIÇOS SECRETOS

Um velho árabe muçulmano iraquiano, a viver há mais de 40 anos nos EUA, quer plantar batatas no seu jardim, mas cavar a terra já é um trabalho demasiado pesado para ele. O seu filho único, Ahmed, está a estudar em França, e o velhote envia-lhe a seguinte mensagem: "Querido Ahmed, sinto-me mal porque este ano não vou poder plantar batatas no jardim. Já estou demasiado velho para cavar a terra. Se tu estivesses aqui, todos estes problemas desapareceriam. Sei que tu remexerias e prepararias toda a terra. Beijos do papá."


Poucos dias depois, recebe a seguinte mensagem:
"Querido pai, por favor, não toques na terra desse jardim. Escondi aí umas coisas. Beijos, Ahmed."

Na madrugada seguinte, aparecem no local a Polícia, agentes do FBI e da CIA, os S.W.A.T., os Rangers, os Marines, os Steven Seagal's, os Silvester Stallone's e alguns mais da elite norte-americana, bem como representantes do Pentágono, da Secretaria de Estado, etc. Removem toda a terra do jardim à procura de bombas, ou material para as construir. Porém, não encontram nada e vão-se embora, não sem antes interrogarem o velhote, que não fazia a mínima ideia do que eles procuravam.

Nesse mesmo dia, o velhote recebe outra mensagem:
"Querido pai, certamente a terra já está pronta para plantar as batatas. Foi o melhor que pude fazer dadas as circunstâncias. Beijos, Ahmed."

janeiro 26, 2006


























ESTOU FARTO DO LIRISMO COMEDIDO

Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de excepção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora
de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário
do amante exemplar com cem modelos de cartas
e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.


(Manuel Bandeira in Poética)
(Foto: IMP)

janeiro 25, 2006














AQUI ME SENTEI QUIETA...

... Com as mãos sobre os joelhos
Quieta muda secreta
Passiva como os espelhos

Musa ensina-me o canto
Imanente e latente
Eu quero ouvir devagar
O teu súbito falar
Que me foge de repente.

(Sophia de Mello Breyner Andresen in Musa)


















O RESPEITINHO É MUITO BONITO!

janeiro 23, 2006














HIPOCONDRÍACO

Um hipocondríaco vai ao médico e diz:
- Doutor, a minha mulher traiu-me há uma semana e ainda não me apareceram os chifres.
Será falta de cálcio?













LÁ VAMOS...

... cantando e rindo
Levados, levados, sim
Pela voz de som tremendo
das tubas, — clamor sem fim

Lá vamos, (que o sonho é lindo!
Torres e torres erguendo,
Rasgões, clareiras, abrindo!
— Alva da Luz imortal,
Roxas névoas despedaça
Doira o céu de Portugal!

Querer! Querer! E lá vamos!
— Tronco em flor, estende os ramos
À mocidade que passa

Cale-se a voz que, turbada,
Já de si mesma se espanta;
Cesse dos ventos a insânia,
Ante a clara madrugada,
Em nossas almas nascida:
E, por nós, oh Lusitânia,
— Corpo de Amor, terra santa
—Pátria! serás celebrada;
E por nós serás erguida;
Erguida ao alto da Vida

Querer é a nossa divisa;
Querer, — palavra que vem
das mais profundas raízes:
Deslumbra a sombra indecisa
Transcende as nuvens de além...
Querer, — palavra da Graça

Grito das almas felizes

Querer! Querer! E lá vamos
Tronco em flor estende os ramos
À Mocidade que passa.

(Hino da Mocidade Portuguesa)


DEUS! PÁTRIA! FAMÍLIA!

janeiro 20, 2006















FAZ TU MESMO...

...SAIS DE BANHO COM O TEU PERFUME FAVORITO

Material

Goblé
Colher

Compostos

Carbonato de sódio
Água destilada
Perfume

Procedimento

1. Adiciona carbonato de sódio ( que podes comprar numa drogaria), no estado sólido, a um goblé com água destilada. Deves adicionar o carbonato até ser atingida uma solução saturada (se só tiveres acesso a carbonato de sódio em cristais grandes, deverás reduzi-los a pó antes de os adicionares à água destilada)

2. Junta o teu perfume à solução saturada, para lhe dar um aroma agradável. (guardar a solução no goblé para quando a quiseres usar)

3. Utiliza duas colheres de sopa de solução para cada banho. (os sais de banho tornam a água mais macia, pois reduzem o teor de cálcio, sendo este o principal causador de dureza da água. O carbonato de sódio contido nos sais de banho reage com o cálcio, formando carbonato de cálcio que se irá precipitar diminuindo assim a quantidade de cálcio na água do banho. O resultado depois da adição da solução à água será uma água mais macia, espumosa e de cheiro agradável).

E pronto, aqui fica a sugestão para o fim de semana. E não se esqueçam de ir votar!

(Fotos surripiadas ao
Cubembom por sugestão da Gotinha)

janeiro 19, 2006














O MEU VOTO

Porque votar é um dever de cidadania.
Eu vou votar.
E quem cumpre deveres tem o direito de os mandar a todos
À MERDA!

Boletim gentilmente cedido pelos Manos Metralhas

janeiro 18, 2006














HOMEM! HOMEM!

Mendigo do Infinito!
Abres a boca e estendes os teus braços
A ver se os astros caem dos espaços
A encher o vácuo imenso do finito!

Porque sobes à rocha de granito?
Porque é que dás no ar tantos abraços?
E cuidas amarrar com férreos laços
Um reflexo da sombra de um espírito?

Vê que o céu, por escárnio, a luz nos lança!
Que, à tua voz, a voz da imensidão
Responde com imensa gargalhada!

A ideia fechou a porta à esperança
Quando lhe foi pedir agasalho e pão...
Deixou-a cara a cara com o Nada!! ...

(Antero de Quental in Nihil)


























TENDÊNCIAS DA MODA

(Foto: Fishki.net)

janeiro 17, 2006













A LOIRA E O PINGUIM

Uma loira acorda, chega ao quintal e depara com um pinguim. Ao mesmo tempo, olha para o lado, vê o seu vizinho e diz:- Já viu o que está aqui? Um pinguim!
O que é que eu faço?
O vizinho responde:- Não sei!
Olhe, leve-o ao Jardim Zoológico.
No dia seguinte, o vizinho olha para a casa da loira e vê-a a sair com o pinguim preso com uma coleira, e pergunta: - Então, não levou o pinguim ao Jardim Zoológico?
E a loira...- Sim, sim e gostou muito! Hoje vai à FeiraPopular!












ARTES DA ENSINANÇA
(ou da cidadania)

Por seus feitos e sua cultura, Dom Duarte, Rei de Portugal (1391-1438), não só ganhou o cognome de "Eloqüente", como permaneceu no imaginário da cultura portuguesa.

Audacioso estrategista, participou, ainda muito jovem, junto com seu pai, D. João I, da preparação da tomada de Ceuta. Administrador de visão, desemperrou a burocracia do seu tempo, atualizou e retificou as leis do reino, além de elaborar um alentado código de posturas. Mais não fez porque a peste o fulminou aos 47 anos, encurtando seu reinado para 5 anos, apenas.

Mas o que mais me interessou em Dom Duarte, desde as primeiras aulas de história na longínqua Ilha da Madeira, em mais do que longínquos anos, foi o título do seu "
livro da ensinança de bem cavalgar toda sela". Pena que o delicioso vocábulo ensinança, apesar de ainda ser registrado por mestre Aurélio, tenha caído em desuso. É, a meu ver, perfeito como sinônimo de ensino ou instrução, mas também com o sentido de preceito ou máxima. Acrescido da não menos deliciosa metáfora "de bem cavalgar toda sela" transforma-se num excelente achado literário que, por sua riqueza, já cheguei a utilizar num poema "ready made".

Fico a pensar no quanto oportuno seria se, decorridos seis séculos, algum eloqüente político de nossos dias, ordenasse - já que seria demais pedir que escrevesse – a produção de um compêndio semelhante, o qual, no sentido mesmo dos livros de auto-ajuda tão em moda, pudesse orientar cidadãos na arte do bem viver (bem cavalgar toda sela) e – importante - não incomodar o próximo.

Alguns lembretes, como contribuição à obra desse possível candidato:

- Recomenda-se carregar seu cãozinho (ou cãozão) ao colo, ao entrar em elevadores ou áreas comuns do seu prédio, uma vez que vizinhos/vizinhas recém-banhados, perfumados, com meias finas ou com traumas passados envolvendo animais de pelo, não sejam obrigados a aceitar o "carinhoso" roçar de tais criaturas em suas pernas. Importante: não esquecer da pá e do saquinho para recolher as fezes do dito cujo, uma vez que as calçadas, já tão relegadas pelo poder público, andam agora intransitáveis com os resultados da produção canina.
(Dalila Teles Veras, escritora)

janeiro 16, 2006











SERVIÇO PÚBLICO


















SEGURANÇA NO TRABALHO

É importante que o trabalhador se sinta seguro!


janeiro 13, 2006






















DEPOIS...

... de um dia de trabalho dedicado a aturar tolos, ouvir besteiras e dar respostas politicamente correctas a gente que não sabe ler antes de perguntar, sentei-me.
Há dias assim. Tenho a secretária que mais parece lhe ter passado um comboio por cima.

Que dia é hoje?
Ah, bom fim de semana!

janeiro 12, 2006














DESEJEI-TE...

... pinheiro à beira-mar
Para fixar o teu perfil exacto.

Desejei-te encerrada num retrato
Para poder-te contemplar.

Desejei que tu fosses sombra e folhas
No limite sereno dessa praia.

E desejei :"Que nada me distraia
dos horizontes que tu olhas!"

Mas frágil e humano grão de areia
Não me detive à tua sombra esguia.

(Insatisfeito, um corpo rodopia
na solidão que te rodeia)

(David Mourão Ferreira in Paisagem)

janeiro 10, 2006

















AS MELHORES PARTICIPAÇÕES DE SEGURO

1. O falecido apareceu a correr e desapareceu debaixo do meu carro.
(das duas uma: ou era atleta ou mágico!)

2. Para evitar bater de frente no contentor do lixo, atropelei um peão.
(o importante é q não acertou no contentor do lixo!!!)

3. O acidente aconteceu quando a porta direita de um carro apareceu de esquina sem fazer sinal.
(autêntico caso de Ficheiros Secretos)

4. A culpa do acidente não foi de ninguém, mas não teria acontecido se o outro condutor viesse com atenção.
(desde que a culpa não seja de ninguém...

5. Aprendi a conduzir sem direcção assistida. Quando girei o volante no meu carro novo, dei comigo na direcção oposta e fora de mão!
(a culpa aqui também não é de ninguém, mas se o tivessem ensinado a conduzir com direcção assistida isso não teria acontecido!!!)

6. O peão bateu-me e foi para baixo do carro.
(malditos peões, só servem para desestabilizar....só para chamarem a atenção... malditos arruaceiros!)

7. O peão não sabia para onde ia, então eu atropelei-o!
(ora lá está! Mais uma vez a tentarem desestabilizar! Mas assim ao menos ficou o caso resolvido....hospital com ele!)

8. Vi um velho enrolado, de cara triste, quando ele caiu do tejadilho do meu carro.
(It's raining men...ALELUIA!!!)

9. Eu tinha a certeza que o velho não conseguia chegar ao outro ladoda estrada, por isso atropelei-o.
(ora aí está! Tá feita a boa acção do dia)

10. Fui cuspido para fora do carro, quando ele saiu da estrada. Mais tarde fui encontrado numa vala por umas vacas perdidas.
(se as vacas estavam perdidas, ele foi achado ou perdido?!?)

11. Pensei que o meu vidro estava aberto, mas descobri que estava fechado quando pus a cabeça de fora.
(e assim que ele viu as vacas, estas ficaram achadas ou continuaram perdidas?!?)

12. Bati contra um carro parado que vinha em direcção contrária.
(ora aí está uma coisa perigosa! Esses são os piores.... todo o cuidado é pouco quando eles estão parados...sobretudo se vierem em direcção contrária!)

13. Saí do estacionamento, olhei para a cara da minha sogra e caí pela ribanceira abaixo.
(nova campanha da DGV: "Se conduzir, não leve a sogra")

14. O tipo andava aos ziguezagues de um lado para o outro da estrada.Tive que me desviar uma porção de vezes antes de o atropelar.
(mas o importante é que conseguiu! Há que ir sempre tentando e ter orgulho na pontaria!)

15. Já conduzia há 40 anos, quando adormeci ao volante e sofri o acidente.
(é perfeitamente natural, então se o senhor conduz há tantos anos deve, com certeza, estar muito cansado!)

16. Um carro invisível veio de não sei onde, bateu no meu carro e desapareceu.
(Mais um caso para Mulder e Scully.... ou então para os Alcoólicos Anónimos...)

17. O meu carro estava estacionado correctamente, quando foi bater de traseira no outro carro.
(eu bem digo, os parados são os piores... eles andam aí!!!)

18. De regresso a casa, entrei com o meu carro na casa errada e bati numa árvore que não é minha.
(aqui não restam dúvidas....é caso para os Alcoólicos Anónimos!)

19. A camioneta bateu de traseira no meu pára-brisas, em cheio na cabeça da minha mulher.
(e só não foi na cabeça da sogra graças à nova campanha da DGV, senão...)

20. Disse à policia que não me tinha magoado, mas quando tirei o chapéu percebi que tinha fracturado o crânio.
(estava agora a lembrar-me...pertenceria o tal tipo dos ziguezagues aos Alcoólicos Anónimos também???)
























AI LEÃO!...

Estava a haver uma grande orgia na selva. Uma grande confusão.
Elefante com macaca, jacaré com a girafa, formiga com o hipopótamo, papagaio com a hiena, a lagartixa com o rinoceronte, etc.
Até que chegou o Rei Leão e, quando viu o que estava a acontecer, gritou:
- Pessoal! Assim não dá! Por este caminho ainda acabam por mudar a natureza animal. A partir de agora ou vocês fodem alguém da vossa espécie ou então fazem como o Burro, que usa preservativo...
O Burro interrompe o Rei Leão e diz:
- Ó leão, não é preservativo, é a cascavel que me está a fazer um broche.






















PRENÚNCIO...

... de um bom começo. Bom dia!

(Tom Browning in A Baby's First Book)

janeiro 09, 2006


















ESTACIONAMENTO DA VW NA ALEMANHA
(Clicar na foto para aumentar)





















BOM DIA

Princípio do ano=Fecho de Contas=>Blog (quase) sem mim...
Mas vou estando por cá, sempre que possa.

(Fabrice de Villeneuve in Morning Blue)

janeiro 06, 2006


















O ANARQUISMO

Anarquismo (literalmente "sem poder")

Movimento político que defende uma organização social baseada em consensos e na cooperação de indivíduos livres e autónomos, mas onde à partida sejam abolidas entre eles todas as formas de poder. A Anarquia seria assim uma sociedade sem poder, dado que os indivíduos de uma dada sociedade, se auto-organizariam de tal forma que garantiriam que todos teriam em todas as circunstâncias a mesma capacidade de decisão. Esta sociedade, objecto de inúmeras configurações, apresenta-se como uma "Utopia" (algo sem tempo ou espaço determinado). É um ideal a atingir.

As origens do anarquismo, entroncam directamente na concepção individualista dos direitos naturais defendida por John Locke. A sociedade para este filósofo inglês era o resultado de um contrato voluntário acordado entre individuos iguais em direito e em deveres. No entanto foi só a partir do final do século XVIII que o anarquismo se veio a estruturar como uma corrente política autónoma, com seguidores em toda a parte do mundo. Entre os seus teóricos contam-se pensadores tão diversos como William Godwin (1773-1836), P.J.Proudhon (1809-1865), Bakunine (1814-1870), Kropotkin (1842-1921) ou o português Silva Mendes.

A intervenção política dos anarquistas, pouco inclinados à constituição de grandes organizações, embora muito dispersa tem historicamente se centrado a sua luta na defesa de seis ideias:

1. Direitos Fundamentais dos Indivíduos. Os anarquistas, como os liberais foram os primeiros retirar das ideias de John Locke profundas implicações politicas. Em primeiro lugar a ideia da primazia do indivíduo face à sociedade. Em segundo, a ideia de que todo o indivíduo é único e possui um conjunto de direitos naturais que não podem ser posto em causa por nenhum tipo de sociedade que exista ou venha a ser criada.

2. Acção Directa. Recusando por princípio o sistema de representação, os anarquistas afirmam o valor da acção directa do indivíduo na realidade social. Este conceito foi interpretado no final do século XIX/princípios do século XX, por alguns anarquistas, como uma forma de actuação política, cometendo assassinatos de figuras políticas que diziam simbolizarem tudo aquilo que reprovavam ( a célebre propaganda por factos).

3. Crítica dos Preconceitos Ideológicos e Morais. Uma das suas facetas mais conhecidas pela sua crítica irreverente à sociedade. Com a sua crítica demolidora dos preconceitos sociais pretendem destruir todas as condicionantes mentais que possam impedir o indivíduo de ser livre e de se assumir como tal.

4. Educação Libertária. Os anarquistas viram na educação um processo de emancipação dos indivíduos, acreditando que por esta via podiam lançar as bases de um nova sociedade.

5. Auto-organização. Embora recusem qualquer forma de poder, a maioria dos anarquistas não recusa a constituição de organizações. Estas devem contudo ser o resultado de uma acção consciente e voluntária dos seus membros, mantendo entre eles uma total igualdade de forma a impedir a formação de relações de poder (dirigentes/dirigidos, representantes/representados, etc). É por esta razão que tendem desconfiar ou combater, as grandes organizações porque nelas a maioria dos indivíduos tendem a ser afastados dos processos de decisão. Os anarquistas estão desde o século XIX ligados à criação de sociedades mutualistas, cooperativas, associações de trabalhadores (sindicatos e confederações, etc), ateneus, colónias e experiências auto-gestionárias. Em todas estas formas de organização procuram em pequena ou grande escala ensaiar a sociedade que preconizam.

6. Sociedade Global. Um dos seus grandes ideais foi sempre a constituição de uma sociedade planetária que permitisse a livre circulação de pessoas ou o fim das guerras entre países. É neste sentido que alguns anarquistas, como P. Kropotkin, viram no desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação um meio que poderia conduzir ao advento da Anarquia.

A defesa destas ideias tem caracterizado o movimento anarquista internacional, ao longo dos seus duzentos anos de existência.

(Carlos Fontes)














AQUELE...

... que acredita que se pode chegar à Verdade pela especulação e pelo cálculo, jamais descobrirá a evidência. Ao Uno não se chega pelo cálculo. O intelecto não atinge a evidência senão através de um acto de amor.

O que a ciência procura é o lucro e a dominação: não a verdade mas sim o fruto. É então a mais formidável renovação do pecado original com a sua consequência lógica: a morte.

O nosso corpo é o único instrumento de penetração da natureza; um instrumento de conhecimento da realidade ao mesmo tempo que um instrumento de realização de ideias. A sensação nunca nos engana; somos nós que, por vezes, a interpretamos erradamente. O céu está nos nossos olhos, a luz na nossa inteligência.

Nós obedeceremos a bons mestres, se eles o são, e nós os forçaremos a serem bons desobedecendo quando eles deixam de o ser.

Quando ao meu companheiro que me pergunta se deve andar nu, eu respondo: o erro do naturista, daquele que vê a sociedade como falsa e má e se esforça por a rejeitar em bloco, como dos reformadores que procuram "arranjos" políticos ou económicos parciais, é de querer resolver os problemas no plano onde eles se colocam. Nem a verdade nem a solução se encontram nesse plano. Resolver um problema ou um conflito, é elevar-se e elevar as gentes a um plano onde o problema já não se coloca.

É preciso aprender a estar "no mundo" sem ser "do mundo".

A não violência não consiste em recusar toda a autoridade porque a autoridade se exerce geralmente pela violência. O problema não é fundar uma comunidade sem regras nem chefes, o que é impossível, mas de ter regras e chefes não violentos, isto deve ser concebido e em seguida feito.

Nós pensamos que nenhum homem livre tem o direito de punir um outro. O homem livre é aquele que conhece a Lei, reconhece a sua falta e se pune a si mesmo.

Qualquer um que é testemunha de uma falta não o deve denunciar, mas ele deve encontrá-lo em segredo e pedir-lhe em nome da Regra para reparar a sua falta. Se o culpado resiste, a testemunha deve tomar sobre si próprio a reparação. Toda a justiça da Ordem se baseia sobre esta prática: é a jóia da Regra.


(Lanza del Vasto)

janeiro 05, 2006














PRÉMIO DE ENGENHARIA II

(Foto: Fishki.net)













LAR, DOCE LAR...

... pensavam que isso era um lugar comum, que não existia e coiso e tal, e se existisse era só na casa dos outros e coiso e tal?...

Nãããã!!!...

janeiro 04, 2006












LIBERDADE

Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade
.

(Sophia de Mello Breyner Andresen in Liberdade)

















CHINESES NA CEIA ...

... a pedido de várias famílias. Se for preciso reforçar a dose, não se acanhem.

Ah!... bom apetite!


















REDGAY























VIDA

Vida, minha vida
Olha o que é que eu fiz
Deixei a fatia
Mais doce da vida
Na mesa dos homens
De vida vazia
Mas, vida, ali
Quem sabe, eu fui feliz

Vida, minha vida
Olha o que é que eu fiz
Verti minha vida
Nos cantos, na pia
Na casa dos homens
De vida vadia
Mas, vida, ali
Quem sabe, eu fui feliz

Luz, quero luz,
Sei que além das cortinas
São palcos azuis
E infinitas cortinas
Com palcos atrás
Arranca, vida
Estufa, veia
E pulsa, pulsa, pulsa,
Pulsa, pulsa mais

Mais, quero mais
Nem que todos os barcos
Recolham ao cais
Que os faróis da costeira
Me lancem sinais
Arranca, vida
Estufa, vela
Me leva, leva longe
Longe, leva mais

Vida, minha vida
Olha o que é que eu fiz
Toquei na ferida
Nos nervos, nos fios
Nos olhos dos homens
De olhos sombrios
Mas, vida, ali
Eu sei que fui feliz


(Chico Buarque de Holanda in Vida para a voz de Simone Bittencourt de Oliveira)
(Foto: Robert Base & Dieter Vegner)

















PENSAMENTO DO DIA

Se considera a formação demasiado dispendiosa, imagine o custo da ignorância.

(Peter Drucker)

janeiro 03, 2006






















29 CRUELDADES...

... que uma mulher pode dizer a um homem nu!

01. Já fumei charros mais grossos que isso..

02. Ahhhh, tão gira.

03. Era melhor ficarmos pelos beijinhos.

04. Sabes, há cirurgia correctiva para isso.

05. Fá-la dançar.

06. Posso pintar-lhe um smiley?

07. Uau, e os teus pés são tão grandes.

08. Não faz mal, podemos ser criativos.

09. E guincha se eu a apertar?

10. Oh não... Uma enxaqueca...

11. (risinho e apontar)

12. Posso ser sincera contigo?

13. Tão querido, trouxeste incenso.

14. Isto explica o teu carro.

15. Talvez cresça se o regarmos.

16. Por que me terão os deuses castigado?

17. Pelo menos isto não vai durar muito.

18. Nunca tinha visto um assim.

19. Mas funciona na mesma, certo?

20. Parece ter tão pouco uso...

21. Talvez fique mais favorecida com luz natural

22. E se passássemos já para os cigarros?

23. Estás com frio?

24. Se me embebedares a valer primeiro...

25. Isso é uma ilusão de óptica?

26. O que é isso?

28. E traz bomba de ar?

29. Então é por isto que se devem avaliar os homens pela sua personalidade...

janeiro 02, 2006














AVISO À NAVEGAÇÃO

Sempre que uma palavra de um texto aparecer de côr diferente ou sublinhada ela terá um link subjacente.

Adbirtam-se!













ESTERIÓTIPOS?...

... Nããã!...