junho 30, 2006













O ZERO

O Zero sentia-se vazio. Olhava para si mesmo e não gostava do que via: era aquela enorme barriga; era a incapacidade de sobressair; era a falta de um carácter vincado...

Achava mesmo que não valia nada. Já muitas vezes tentara ser esguio como o 1, elegante como o 4 ou belo como o 7, mas nem sequer conseguia a pequena proeza de esticar uma haste para se assemelhar ao 6 ou ao 9.

Era realmente uma nulidade. Mas o pior de tudo nem sequer era o aspecto, pois já se tinha habituado a isso e os outros também nunca o tinham visto de outra forma. Não, o pior nem era olhar-se ao espelho: o pior era quando olhava para dentro de si mesmo. Não valia nada, pronto! Era isso. Nunca tinha feito nada de que se pudesse realmente orgulhar; tinha as mãos vazias; nunca deixaria o nome na história ou marcas no mundo.

Não passava de um zero.

Mas, então, por que razão tinha consigo todos aqueles sonhos, aquele desejo de grandeza, a vontade de se lançar a tarefas gigantescas? Era um zero e sentia dentro de si uma enorme tendência para o infinito...

Ora, isto - pensava ele - não tinha lógica nenhuma. Era até contraditório. E filosofava: Via-se logo que os números tinham sido uma invenção dos homens. Por isso não batiam certo. Se tivessem sido obra de Deus, tudo teria sido diferente. Sendo assim, paciência...

Mas o Zero estava de longe de se resignar com a situação. Alguma coisa lá por dentro se recusava a aceitar pacificamente estas filosofias, ainda que elas servissem perfeitamente como justificação para a sua nulidade e para a vida preguiçosa que levava.

E, no fim de contas, talvez os algarismos não fossem uma invenção dos homens.

Muitas vezes dizia para si mesmo que não podia fugir à sua natureza, à incapacidade com que nascera. Sentindo-se incapaz do esforço de alcançar o infinito, que chamava por ele, repetia cinquenta vezes por dia que o infinito não existia. Para se convencer a si próprio. Para se poder entregar tranquilamente à doçura de uma vida sem montanhas para subir.

No entanto, aquela doçura acabava por o maçar. Tornava-se amarga: não na boca, mas num lugar qualquer que ele não sabia identificar com exactidão. Ora, aquilo doía-lhe. Era como se tomasse veneno.

O Zero sabia a solução, a resposta, a verdade, mas fugia de pensar nisso. Também lhe doía... O Zero sabia que o verdadeiro problema não era a preguiça nem a falta de capacidade. A questão importante era o orgulho.

Sucedia que o orgulho o levava a procurar sempre o primeiro lugar quando se juntava aos outros algarismos para fazerem alguma coisa em conjunto. Conseguia esse lugar porque era o mais forte de todos, mas os outros algarismos não achavam aquilo bem. E quando isso sucedia formava-se uma barreira, uma vírgula, entre ele e os outros. E, assim, com o Zero no primeiro lugar e a vírgula logo a seguir, aquilo que faziam não valia quase nada.

O Zero pressentia que, se aceitasse um dos últimos lugares, tudo seria diferente. Talvez então pudessem, em conjunto, aproximar-se do infinito e até tocar-lhe. Talvez assim se abrissem as portas a todos os sonhos que desde sempre trouxera consigo. Mas teria - assim pensava - de se curvar perante os outros, e baixar a cabeça era para ele uma impossibilidade...

Não vou acabar de contar a história do Zero. Não vou dizer como chegou a entender que para um zero o melhor lugar é o último. Nem como acabou por pedir desculpa aos outros. Nem como conseguiu depois - não sempre, mas muitas vezes - a glória de baixar a cabeça e se colocar no último posto.

É que estas transformações são sempre muito íntimas e dolorosas. Sou amigo do Zero - conheço-o muito bem - e não está certo que revele em público a sua intimidade.

(Paulo Geraldo)
(Imagem: The House Number Connection)

junho 29, 2006












A VERDADEIRA PROVA DE AMOR













JÁ NÃO ME APETECE MUITO

Escrever pohesias
Se fosse como dantes
Fá-las-ia abundantes
Mas sinto-me muito velho
Sinto-me muito sério
Sinto-me consciencioso
Sinto-me preguicioso

(Boris Vian)

junho 28, 2006
























SEM TEMPO

Alguém me acompanha?...

junho 27, 2006
























IMPOTÊNCIA

Entrei numa livraria. Pus-me a contar os livros que há para ler e os anos que terei de vida. Não chegam! Não duro nem para metade da livraria! Deve haver certamente outras maneiras de uma pessoa se salvar, senão... estou perdido.

(Almada Negreiros in A Invenção do Dia Claro)
(Foto: Jerry Uelsman)

junho 26, 2006


















A NOVA LISBOA
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Postagem da Fresquinha

junho 23, 2006












RIO INHA

Rio Inha , afluente da margem esquerda do Rio Douro, que desagua entre a foz dos rios Arda (a montante) e Uíma (a jusante).

Nasce no lugar de Cimo de Inha, na freguesia de Escariz, concelho de Arouca, e passa pelas freguesias de Romariz, do Vale e de Canedo, ambas do concelho de Santa Maria da Feira e desagua na Lomba.

É um rio que corre predominantemente encravado em encostas íngremes, sendo muito rico em pescaria fluvial, nomeadamente a truta, bogas e barbos.

Tendo em conta o seu percurso em áreas de cariz agrícola e florestal, é um rio relativamente pouco poluído.

(Fontes:
Wikipédia e Eirc Blair)
(Foto: Luisville in Rio Douro)


E esta hein?














PORTUGAL PORTUGUÊS

junho 22, 2006








FILOSOFIA GARFIELD
(Clica para aumentar)














MANHÃ DE NEVOEIRO

O pessimista queixa-se do vento, o optimista espera que ele mude e o realista ajusta as velas.

(Willian George Ward)



Não há necessidade de escolher uma estação do ano predilecta. O que temos de fazer é desfrutar da beleza de cada uma delas.

(Evelyn Lauder)


Adoro manhãs de nevoeiro. Parece-me sempre que o Mundo acorda sereno e lavado.
Um bom dia para todos.

junho 21, 2006


















CONTRA AS MULHERES


Esforça meu coraçam,
nom te mates, se quiseres:
lembre-te que sam molheres.


Lembre-te qu’é por nacer
nenhua que nam errasse;
lembre-te que seu prazer,
por bondade e merecer,
nam vi quem dele gostasse.
Pois nam te dês a paixam,
toma prazer, se puderes
lembre-te que sam molheres.


Descansa, triste, descansa,
que seus males sam vinganças;
tuas lágrimas amansa,
leix’ as suas esperanças;
ca, pois nacem sem rezam,
nunca por ela lh’ esperes;
lembre-te que sam molheres.


Tuas mui grandes firmezas,
tuas grandes perdições,
suas desleais nações
causaram tuas tristezas,
Pois nam te mates em vão,
que, quanto mais as quiseres,
verás que sam as molheres.


Que te presta padecer,
que t’ aproveita chorar,
nunc’ outras ham de ser,
am nunca de mudar?
Deiza-as com sua naçam,
seu bem nunca lho esperes:
lembre-te que sam molheres.


Nam te mates cruamente
por quem fêz tam grande errada,
que quem de si nam sente,
por ti nam lhe dará nada.
Vive, lançando pregam
por u fores e vieres
que sam molheres, molheres!

(Jorge de Aguiar)
(Foto: Vlad Odintsov)


E a Fresquinha remata o post com esta pérola de Afonso Eanes do Coton:

"Ben me cuidei eu , Maria Garcia ,
en outro dia , quando vos fodi ,
que me non partiss'eu de vós assi
como me parti já , mão vazia ,
vel por serviço muito que vos fiz ;
que me non deste , como x'omen diz ,
sequer um soldo que ceass' um dia .

Mais detsa seerei eu escarmentado
de nunca foder já outra tal molher ,
se m'ant'algo na mão non poser ,
ca non ei porque foda endoado ;
sabedes como : ide-o fazer
con quen teverdes vistid'e calçado .

Ca me non vistides nem me clçades
nem ar sel'eu eno vosso casal ,
nen avedes sobre min non pagades ;
ante mui ben e mais vos en direi :
nulho medo , grad'a Deus , e a el-Rei ,
non ei de força que me vós façades .

E , mia dona , quen pregunta non erra ;
e vós , por Deus , mandade preguntar
polos naturaes deste logar
se foderan nunca en paz nen en guerra ,
ergo se foi por alg'ou por amor .
Id'adubar vossa prol , ai , senhor ,
c'avedes , grad'a Deus , renda na terra . "

junho 20, 2006















O NOVO SÍMBOLO DA MERCEDES


















RELAÇÃO EM CADEIA

junho 19, 2006


















O ESTADO DA VERGONHA

Fisco atrasa liquidação e reembolso do IRS

A administração tributária ainda desconhece os montantes a pagar a título de reembolsos do IRS, bem como os valores relativos às notas de crédito (imposto a haver), refere o Diário de Notícias esta segunda-feira afirmando que o processo está todo atrasado.


De acordo com a lei, o fisco já deveria ter efectuado as liquidações (encontro de contas) em finais de Maio, o que poderia levar à emissão dos reembolsos já em Junho, tal como aconteceu em anos anteriores. Mas, segundo cita o DN, as Finanças afirmaram há dias que «não era ainda possível» proceder «a uma estimativa das declarações validadas correspondentes a reembolsos, liquidações nulas ou a notas de cobrança».
Os reembolsos do imposto sobre os rendimentos, afirmam as Finanças - bem como o envio das notas de cobrança, para quem tem imposto a pagar -, só serão efectuados em Julho, tal como sucedeu no ano passado.
«O início do processo de envio das notas de liquidação está previsto», tal como sucedeu no ano passado, «para Julho». Sendo assim, este é o terceiro ano consecutivo em que as Finanças não começam a reembolsar o imposto sobre o rendimento em Junho.
Desde 2002 que o fisco não respeita os prazos das liquidações previstos na lei. O código do IRS especifica o prazo de 30 de Maio como data limite para o cálculo da liquidação. Mas este ano o fisco admite que a «liquidação das declarações de rendimentos» se iniciou «a partir de 14 de Junho», ou seja, cerca de duas semanas após o prazo legal, prevendo-se o tratamento «de cerca de cem mil declarações por dia».

(Fonte: Diário Digital)

E nós, senhores fiscais, sempre que não nos for possível pagar os impostos a tempo e horas estamos isentos de penhoras e congelamento de contas e salários? E de juros também? Que legitimidade tem um estado que não cumpre as próprias lei? E ainda não fizeram o vosso trabalho porquê? Falta de pessoal, se calhar...
Um estado caloteiro, ladrão e sem vergonha!

Chega!!!














PENSAMENTO DO DIA

Qualquer simples problema se pode tornar insolúvel se for feito um número suficientes de reuniões para o discutir...

(Arthur Bloch)

junho 09, 2006
















FÉRIAS!

E portantes, durante uma semanita, aqui a minha pessoa vai ficar de papo para o ar, de preferência sem fazer nenhum, tudo por uma nobre causa.

Intezes!...

junho 08, 2006


















CHAMPAGNE COCKTAIL

Ingredientes:

1 colher(es) de sopa de açúcar
1 gota(s) de Angostura bitters
25 ml brandy
100 ml champagne bem gelada

Preparação:

Coloque o açúcar no(s) copo(s) congelado(s). Despeje a Angostura sobre o açúcar.
Acrescente o brandy. Complete o copo com a champanhe gelada.

Porque o prometido é devido.
E porque amanhã é sexta.














687 MIL EUROS PARA O ESPAÇO

FA: 129 pilotos receberam subsídio de voo sem terem pilotado

Pelo menos 129 pilotos-aviadores da Força Aérea receberam suplementos mensais de risco de voo no último semestre de 2005 sem terem voado qualquer hora, o que terá custado à instituição 687 mil euros, noticiou hoje o Correio da Manhã.
O jornal escreve que estes 129 militares foram dispensados do treino mínimo de voo por terem sido destacados para outras funções mas que mantiveram o subsídio de risco de voo - que vai dos 571,21 euros aos 1077,14 euros por mês consoante o posto - e é atribuído a quem pilota os aparelhos da Força Aérea.
Da lista de pilotos-aviadores que receberam o subsídio de risco sem ter voado conta-se o Chefe de Estado Maior da Força Aérea, general Taveira Martins, 12 tenentes-generais, 14 majores-generais, 37 coronéis, 40 tenentes-coronéis, sete majores, nove capitães, seis tenentes e três alferes.
Em declarações ao Correio da Manhã, o chefe de gabinete do Chefe de Estado Maior da Força Aérea, major-general Victor Morato, confirmou a situação e explicou que «nos termos da Lei, aos militares que por motivo de serviço não tenham executado o respectivo treino mínimo de voo, pode ser mantido pelo CEMFA o direito ao suplemento de serviço aéreo».
O suplemento de risco de voo, recorda o jornal, «foi criado para compensar financeiramente o desgaste físico e os riscos a que os pilotos-aviadores são submetidos no seu dia-a-dia» e é esta gratificação que «permite que os pilotos-aviadores estejam entre os militares mais bem pagos nas Forças Armadas».
A Força Aérea conta actualmente com cerca de 300 pilotos no quadro permanente, um número que os militares consideram insuficiente para as necessidades operacionais, sublinha o Correio da Manhã.

(Fonte: Diário Digital)

E nós a vê-lo passar!...














ÉS CIUMENTA?

Sempre que passa um atraente rabo de saias o teu par volta a cabeça na sua direcção e tu vais aos arames?
Não te preocupes. A vingança está
aqui!

junho 07, 2006














SORVETE DE LIMÃO

Delicioso, simples de fazer e que vai ser a minha sobremesa.

A receita:

Ingredientes
8 colheres (de sopa) de açúcar
1 xícara (de café) de caldo de limão
1 colher (chá) de casca ralada de limão
2 copos de leite
2 claras

Preparo
Bata as claras em neve, junte 5 colheres (de sopa) de açúcar, e a casca de limão, continue a bater até o ponto de suspiro. Acrescente o caldo de limão, o restante do açúcar e o leite. Mexa muito bem e leve ao congelador.

E bom apetite!

junho 06, 2006
















O RABUDO
(PARTE 2)

Almas, não há o que temer!
Saibam porquê, aqui.

















EMERGÊNCIA...







O RABUDO

(Bandeira, DN Online)

junho 05, 2006












CI"FI"LIZAÇÃO

A igreja está morta,
e os vermes se multiplicam sobre seu cadáver.
Deus está sendo cuspido no Oriente Médio,
na Índia, no Irã,
na boca do Papa,
nas Américas humilhadas por caciques de quepe e fuzil.
Está surgindo uma nova era de gerações sem causa,
sem destino,
acorrentadas e tangidas
por capitalistas tiranos;
por falsos profetas...
Está surgindo a era
em que morrerão as baleias e os humanos,
e serão poucos, muito poucos o verde e os poetas.

(Alex Brasil)
(Imagem: Alain Longor)

junho 02, 2006










6 DE JUNHO, O DIA NACIONAL... DO CÃO!

(Fonte: Correio da Manhã)








O SALVA-VIDAS
(clica no título, com som)

junho 01, 2006













ABRIU HOJE A ÉPOCA BALNEAR...

... e arranca sem a
nova lei em vigor!

A julgar pela cara de felicidade da menina, aposto que entrou no mar com a bandeira vermelha e anda divertidíssima a jogar às escondidas com a lancha da Polícia Marítima....